A série me chamou atenção por ser uma adaptação de um romance da
renomada Gillian Flynn que com sua “Garota Exemplar”, deu uma nova e maravilhosa
dimensão à vingança feminina. Confesso que de cara o que me chamou atenção é o
protagonismo feminino nas obras de Gillian e nas telas, a escolha do elenco foi
bastante interessante.
Amy Adams volta a viver o papel de uma repórter, desta vez sem um
Clark Kent (infelizmente não temos um deuso Cavill). Camille Preaker é uma repórter
policial de um jornal de Chicago que à revelia precisa voltar para Wind Gap,
sou cidade natal no Missouri, para cobrir o desaparecimento e a morte de duas
garotas. Logo no começo, percebemos a hostilidade com a qual Camille recebe a
notícia de que terá de voltar à Wind Gap. Camille saiu de casa, o que é normal
para os padrões norte-americanos, mas não tem nada de normal no comportamento
dela.
A saída de sua cidade natal foi mais uma fuga, uma fuga para o
lugar mais distante possível das lembranças que irrompem a todo instante na
tela através dos lapsos de Camille. A irmã, que ela perdeu na infância parece
em alguns momentos, bem viva ao telespectador. Bem como a forma de tentar esquecê-la:
os exageros. Desde Led Zepellin no último volume, à vodca em qualquer horário,
Camille tenta sempre estar desconectada de um lugar doloroso. Mas como
repórter, sua tenacidade ao perceber os pequenos detalhes que movem a pequena
comunidade fechada e com rígidas normas são bastante interessantes.
O primeiro episódio como de praxe deixou nos telespectadores uma
grande curiosidade sobre o desenrolar dos fatos. O que antes era um
desaparecimento e uma morte, se confirma em duas mortes, trazendo a baila um serial killer e a dúvida de como isto
vai afetar a todos ali. Ou não, já que nas palavras de uma moradora “a cidade
está morta”. Também deixa um gosto de quero mais, entender o quanto do passado de
Camille impactou seu futuro, seu presente (está marcado em sua pele,
literalmente) e de sua estranha família.
Mais uma vez percebemos como a escolha de um elenco de qualidade
teve peso em um episódio tão interessante. Adora, mãe de Camille e a repórter têm
desde o princípio uma chocante hostilidade que em alguns momentos se dilui, em
outros se intensifica e em todos nos instiga a saber mais de sua origem. Apesar
de logo notar que gira ao redor da perda da irmã de Camille.
Objetos Cortantes teve em seu episódio de estreia a audiência
fantástica de 1,5 milhão de telespectadores só nos Estados Unidos. A minissérie
da HBO tem tudo para ficar na memória do telespectador. Na minha já está.