Um livro um tanto quanto inusitado e, ao mesmo tempo, preso dentro de nossas histórias. Um pouco das verdades que deveriam ser ditas, e das poesias que mereciam ser entregues. Trago uma nova parte do meu mundo literário - uma parte muito significante.
Antes presas nas formalidades de um dicionário qualquer, o autor João Doederlein nos trouxe a essência de algumas palavras – por sinal, incríveis palavras. Em sua primeira obra, João nos recompõe – ou nos inverte – neste mundo labiríntico e demonstra muita substancialidade na escrita de O Livro dos Ressignificados, lançado pela editora Paralela.
Em um mundo tão rotineiro, e tanta falta de questionamentos, nos aprisionamos nas rotas corriqueiras e acabamos nos esquecendo dos famosos “porquês”. Era tão mais valoroso quando éramos crianças e tínhamos a preocupação de questionar a existência de tudo. As coisas precisavam de nossa própria ciência.
Tantas palavras ditas – e algumas engasgadas – que o poder da significância perdeu a alma.
E como você classificaria nossos famosos clichês, como: amor, cangote, saudade? Saem de formas tão obvias para uns – mas para outros, elas trazem outra singularidade.
Entre as páginas do livro, esbarrei em um caminho sem fim. E, cá entre nós leitores, isso é sempre tão bom. É como se estivéssemos perdidos – ou "encontrados" – em um mundo piedoso.
Cada página traz a visão de um poeta diante de cada palavra. Aquele que nos diz que o “Sorriso (...) é a roupa mais bonita de nosso rosto. Distância (...) é a lenha que aumenta o fogo da saudade. Saudade (...) é aquilo que o coração jura ter largado por lá e sente um aperto só de pensar.”
A essência do livro foi dada de acordo com os cenários de sua vida. É muito estranho, às vezes, pensar que aquilo ali faz muito sentido para muitas outras pessoas. É como se todos nós tivéssemos guardado todo aquele conceito dentro da gente, mas nunca obtivemos uma sábia compreensão daquela existência.
Acredito que esse livro seja uma sintonia das trevas. É o encontro de todas as nossas estações vivendo em repleto dualismo - e, ainda assim, conseguindo equilíbrio. Um congelamento emocional na vivência de nossa eternidade.
Sou grata ao autor, aquele que, mesmo como personagem figurante, trouxe essência aos principais capítulos de minha vida.