Neil
Gaiman é um dos escritores mais consagrados da atualidade e é um prazer conhecer
aos poucos suas obras. Uma delas é o magnífico “Os Filhos de Anansi”.
A
história do livro começa deliciosamente simples: um cara comum, Fat Charlie que
vive uma vida também comum, vai casar com uma mulher aparentemente simples e
almeja aquele tipo de estabilidade tão desejada. Até que sua noiva, Rosie,
decide que para a cerimônia de casamento ser completa, Fat Charlie deve
convidar o pai, seu único parente vivo para ela. Aí começam os problemas.
Fat
Charlie sempre teve uma relação conflituosa com o pai, Mr. Nancy, um senhor
amado por todos os que o conheciam (pelo menos os humanos), mas que adorava
fazer troça de Fat Charlie e levava uma vida absolutamente reprovável pelo
filho. Você não poderia esperar menos de um Deus! Vencido pelo olhar resoluto
de Rosie, ele vai atrás do pai e descobre que o mesmo acabou falecendo e de
quebra Fat Charlie ganhou um irmão, que foi separado dele na infância.
Charlie
agora vai embarcar em uma jornada louca, divertida, dinâmica, interessante.
Para ser sincera, uma jornada que encarna vários momentos de cada um de nós.
Afinal de contas, quem não tem um parente que age de maneira absurda? Quem não
conhece uma ou mais vizinhas assustadoras? Quem não tem um irmão (geralmente o
mais velho) que a nossos olhos é dotado de poderes extraordinários? Muita das
coisas que acontecem com Charlie, são comuns a nós, meros mortais. Mas incomum
é a maneira de Gaiman narrar e amarrar divinamente toda essa “epopeia” moderna
e super descolada.
Desde
“American Gods” e “Sandman”, fiquei apaixonada por Gaiman. Ele é o tipo de
escritor que fala sobre fantasia com tanta fluidez e naturalidade como Stephen
King fala sobre terror. A história é sobre dois filhos de um deus, mas
facilmente nos pegamos fazendo comparação com o desajeitado Fat Charlie ou desejando
ser como o imprevisível Spider.
O
que eu mais adoro nos livros de Gaiman são os finais. Nunca acaba (pelo menos
até agora) com o batido “felizes para sempre” ou “morreu e acabou”. Os livros
dele são fluidos como o tempo e a vida. Sofrem reviravoltas perfeitamente
cabíveis, mesmo sendo histórias sobre deuses antigos vivendo entre nós. E o
mais interessante: elas continuam. Em nossos corações e mentes imaginamos o que
pode ainda acontecer com os filhos de Anansi e porque não com o próprio Anansi?
Anansi
está em “American Gods” - outro livro de Gaiman que virou série da Amazon. O
que me faz perguntar que raios estão esperando para colocar o maravilhoso Orlando
Jones dando aquele show de atuação com um Fedora verde? Você gosta de Neil Gaiman? Deixe seu comentário.