O
que fazer quando todas as suas fichas se esgotaram? Quando embaixador,
ministro, todos afirmam categoricamente que você perdeu? Eu francamente nem
saberia por onde começar, mas Peña tem mostrado uma resiliência, inteligência e
sagacidade que beiram o misticismo. Só assim ele consegue suportar tudo o que
está passando, os golpes que está levando e seguir adiante com seus planos
mirabolantes. Desta vez, ele tem menos tempo ainda do que parece possível para
algo dar certo. Miguel Rodríguez precisa cair.
Uma
coisa é o que Peña quer, outra absolutamente diferente é o que o Cartel planeja
e, nesse ponto, ambos não poderiam estar mais distantes. Miguel definitivamente
descartou a ideia de rendição, Pacho concorda e de acordo com Chepe “rendição é
para os fracos” (ele não disse isso, mas este é um blog de família). Cada um
segue seus planos.
O
misticismo de Peña dá resultados: além de descobrir quem é o infiltrado no alto
escalão do governo, agora sim o plano de pegar Miguel começa a rolar. Jorge
está ao nosso lado para garantir que tudo dê certo e de bônus a imprensa já
sabe sobre o ministro Botero, e Carolina tem provas!
Eu
fiquei olhando esta e outras resenhas por uns bons minutos, pois quando Miguel
escapou num Mercedes-Benz, passou todo um filme sobre corrupção na minha
cabeça, mais uma vez, e acho que quantas vierem, eu terei de esperar o crédito
rolar para realmente acreditar que um criminoso foi preso. Um plano orquestrado
por um agente proscrito, dois mini-Mcgayvers, um ex-bandido e um general
ameaçado de exoneração deu certo, ao menos por tantas mortes, corrupção, e tudo
de ruim, um dos responsáveis vai pagar. É tão difícil acreditar nisso? Se você é
brasileiro e acompanha política sabe que é.
O
triste deste episódio é que o final realmente não me surpreendeu. Aonde você já
ouviu falar de um presidente comprado e sustentado por um cartel, por irmãos
que financiam sua campanha com milhões em troca de favores, um apartamento
aqui, um sítio acolá. Narcos é um tapa na cara, e esse doeu pra caramba, mas
infelizmente não me surpreendeu. Peña resumiu tudo: “nunca tivemos uma chance”,
nos fazem de peões em um jogo de xadrez que nem você sabe quem comanda. Isso é
Brasil, melhor dizendo, isso é Narcos.