SPOILERS ABAIXO
Hoje a série que merece uma salva
de palmas é a nossa querida, e também constantemente confundida com uma novela
mexicana, Grey’s Anatomy. Quando a gente pensava que não tinha mais para onde
correr, que já estava saturada, flopada e que não tinha mais jeito, a nossa
amada Shonda Rhimes vai lá e nos surpreende mais uma vez trazendo uma nova
temporada carregada no empoderamento feminino!
Como a fã besta que eu sou dessa
série, acompanho desde a primeira temporada e, dentre todas as 12, a que mais
me trouxe alegria foi a atual. Claramente a Shonda nunca abandonou ou maltratou
alguma de suas personagens femininas, na verdade, na questão de
representatividade feminina, Grey’s Anatomy sempre deu vários acertos, trazendo
uma gama de personagens diferentes umas das outras em diversos aspectos e
tratando de diversos assuntos que são tabus para mulheres, dentre eles a
liberdade sexual e a questão da escolha em relação ao aborto. Além de plots que
abordam situações de relacionamentos abusivos de vários tipos. Enfim, o que eu
quero dizer é que essa onda feminista na série não aconteceu de repente, mas
que está tomando uma maior força agora, o que estamos todas amando, creio eu.
Para começar bem, um dos pontos mais altos da
temporada é que, além de mostrar o sucesso das personagens femininas principais
em relação às suas carreiras, como a promoção de várias à chefia de seus
departamentos, esse ano a chefe geral do hospital se tornou, pela primeira vez
na história da série, uma mulher negra! E não podemos esquecer também de todo o
trabalho sobre o plot da Meredith com a perda do Derek. A maneira como a Shonda
vem abordando a morte do personagem é bem interessante, por que durante 11
temporadas nós só conhecíamos aquela Meredith que estava sempre, entre idas e
vindas, mortes e sofrimentos, com o Derek ao seu lado e, nessa 12ª, ela mostra
que há sim uma Meredith sem um Derek, e que sim: ela é o sol. Para a surpresa
de muitos fãs, que achavam que a série não vingaria depois da morte de um dos personagens
mais importantes, a Shonda mostrou que a Meridith era completamente capaz de
sustentar a série sozinha e não precisava de um par romântico para isso. Ela
ainda reforça essa ideia, de maneira bem inteligente, na minha opinião, quando
insere um personagem aleatório, em um dos episódios, como um possível novo par
para ela e logo em seguida o retira de forma que ainda deixa uma possibilidade
de futuro para eles, mas que faz questão de ressaltar que ela não precisa de um
cara para conseguir superar os problemas na sua vida e que aquele é o seu
momento e que ela precisa estar com ela mesma.
Também nessa temporada temos o
plot da April com o Jackson, com uma situação bem conturbada de separação, que
dentre várias discussões foram encaixadas situações onde podemos sentir o
empoderamento da April crescendo perante o assunto, principalmente, no mais
recente que é a sua gravidez. Em uma das cenas onde o Jackson sugere um aborto há
todo um discurso empoderador da personagem sobre como o seu corpo pertence a
ela própria e como ela não acreditava nesses métodos (por sua religião) e por isso
nunca seria uma opção para ela. Essa situação faz um contraponto enorme e
remete ao caso, completamente oposto, da Cristina Yang (lembram dela, né? Nossa
queridíssima) que da mesma maneira que a April, acredita e defende que seu corpo
lhe pertence e por isso escolhe o caminho do aborto. O debate que esses dois
acontecimentos trazem é simplesmente maravilhoso: duas mulheres que defendem a
liberdade de seus corpos da mesma maneira mas que acabam optando por caminhos
diferentes quando são dadas às mesmas opções, o que reflete e reitera toda a
construção de personalidade do personagem incorporada às suas situações,
pensamentos e crenças completamente distintas e que devem ser respeitadas da
mesma maneira. Nesse ponto, a Shonda acaba tratando disso, na minha opinião,
com muita excelência, relembrando os direitos das mulheres e mostrando que há a
opção de escolha e que ninguém deve ser obrigado a ir pelo caminho em que não
acredita.
Não para por aí, como já disse, a
temporada está carregada no feminismo, com quotes empoderadores, situações de
desconstrução ou críticas a situações reais, com as personagens femininas ascendendo
na carreira e conseguindo salários e cargos mais importantes no hospital, o que
acaba entrando aqui também é a questão sobre a diferença salarial entre homens
e mulheres, existente em todo mundo, e todos os privilégios no ambiente de
trabalho que são recebidos por homens, isso tudo dentre vários outros pontos na
série que também estão cada vez se tornando mais feministas. AH! Não podemos
esquecer que, além do feminismo, também nos é trazido, em um episódio, um debate
interessante sobre racismo, o que não é a primeira a ser abordado, porém, agora
veio um foco maior e junto à questão do empoderamento feminino.
Em suma, é por isso que acredito
que Grey’s Anatomy anda merecendo sim uma salva de palmas por tantos acertos nessa
temporada. Então aqui vai um parabéns acompanhado de um desejo e esperança de
que se continue caminhando nessa direção que, pelo o que eu vejo, promete ficar
cada vez mais linda, e por mais séries com melhor representatividade e que,
para além dos clichês e dramas de sempre, ainda aborde temas e debates
socialmente importantes, não só para mulheres mas também para todas as outras
minorias existentes.
Esse texto foi escrito por: Marcela Virães
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