SPOILERS ABAIXO
Sabe o que é melhor no The Voice Kids? Que os
técnicos acabam sendo mais justos e menos jogadores. Acaba que cada um desses
que chegaram à final mereceram, mereceram pelo carisma, pela voz, pela
extensão, pelo timbre, pela presença de palco e também por tudo aquilo que não
vemos, por trás dos palcos, no backstage; como o esforço, a humildade, o brilho
nos olhos, a educação, e dali por diante. Nada é mais justo do que dar ao
merecedor de verdade o prêmio pelo que ele batalhou.
A pureza das crianças invade os nossos corações e
faz de nós melhores, é como se os domingos nos recarrega-se a fé em um futuro
melhor, em pessoas melhores, em um país melhor. É um pingo de esperança naquele
rio de sangue que jorra não só da política, mas da violência nas ruas, da distância
que muitos andam para poder estudar, daquele suor de quem está lutando pelo pão
de cada dia, mas também pela enorme sociedade hipócrita que fura fila, que
vende bebida alcoólica a menores, que fingem atestados para faltar ao trabalho,
ou que do aquele famoso jeitinho brasileiro que beira sempre ao imoral. Nosso
governo é reflexo do que somos, e esse programa nos ajuda a aliviar essa semana
estressante de hipocrisias e sangria.
Mesmo que seja uma comparação bastante surreal (mas
não irreal) tenho certeza que não sou apenas eu que sinto uma alegria maior
durante o programa, uma luz entrando em nosso peito e nos prendendo em frente à
televisão. Cada um da sua forma, do seu jeito, dentro da sua necessidade,
recebe a luz desse programa.
Deixamos nessa temporada aquela tendência de optar
sempre pelo melhor e optamos muito pelo mais carismático, pela criança mais
natural, mais sincera, mais esforçada. Dessa forma chegamos com três finalistas
que representam esse brilho que tanto procuramos.
Primeiro a Rafa Gomes, a menina mais linda que já
apareceu na televisão. Lembro-me até agora quando assisti ao primeiro programa,
liguei a televisão atrasado, já no decorrer do programa, e estava ela cantando.
Abri um sorriso naturalmente e disse "Amor eu quero que minha filha seja
assim", virei e dei um beijo em minha noiva. Sempre tive extinto paterno,
sempre sonhei em ter uma filha tanto acordado quanto dormindo. Por diversas
vezes acordei feliz por ter sonhado com uma menininha me chamando de pai, e
quem não olhou para a Rafa e não imaginou ela em seus braços te chamando de
pai.
Mais do que só isso. Trata-se de uma menina
diferente, com influências musicas além do seu tempo, com uma voz feita para o
teatro, para os musicais, com um carisma e uma presença de palco natural. É a
menina mais artística de todos nesse programa, que pode vir a ser uma grande
atriz e cantora.
Depois Pérola Crepaldi, que representa o esforço e
o crescimento. Ela veio comendo pelas beiradas, sendo sempre uma opção segura
de quem crescia ensaio a ensaio, que fugia da sua zona de conforto e que
procurava sempre as maiores notas e as extensões mais difíceis. Foi o sangue
nos olhos, o brilho, o suor e muito trabalho que a levaram a final.
É merecida, ela está onde está, mesmo que estivesse
longe de ser a favorita a vencer o programa, ela continuou evoluindo, fez uma
final segura, com talento, com brilho.
E no final Wagner Barreto, o exemplo que brasileiro
mais gosta. Representando aquele nosso esforço, nosso suor, nossa batalha,
aquele que vem de uma rua sem luz, uma família simples, que ama e orgulha seu
pai e quer dar a eles uma vida melhor. Ele representa o Brasil, e representa com
seu timbre agudo, com sua qualidade vocal, com a preciosidade nas notas e com a
verdade em que canta.
Ele é o sertanejo que o sertanejo gosta, é aquele
que vem do nada e nos faz refletir internamente o que fazemos da nossa vida
hoje. Qual o nosso talento? Por que ainda não conquistamos nossos sonhos?
Eu estava terminando esse texto enquanto ouvia o
programa, e o Tiago procura fazer um discurso sincero e corajoso, que poderia
me influenciar a escrever tudo o que já havia escrito aqui em cima, mas eu já
havia o feito, porque é esse o sentimento que o programa me traz.
O prêmio divide e vai dividir o público sempre, mas
venceu quem eu acreditava merecer. Venceu talvez o formato do programa, venceu
a melhor voz, a melhor história, venceu a cultura Brasileira que coloca em
pedestais aquele que veio de baixo. Sim fazemos isso, cada um de nós faz isso a
todo o momento, por vezes certos, por vezes errado, mas dessa vez foi Wagner
Barreto.
Por fim fica uma última análise sobre o nosso trio
(ou quarteto) de técnicos. Foi uma temporada diferente, que finalmente se
desfez de uma sequência cansativa com o Lulu Santos, tivemos Brown muito melhor
e contido, e uma dupla que era razão e coração.
Até o Superstar? Certo? Daqui a duas semanas todos
de volta aqui. Abraços
Esse texto foi escrito por: AlvaroLuizMatos