Sabe aquela síndrome de seriador onde você para
tudo que está vendo e resolve conhecer novas séries, ou colocar as que estavam
de escanteio para bater o pênalti? Talvez esse período do ano seja propício
para isso, o que acaba nos dando a oportunidade de se apaixonar por uma série
que você quase deixou passar.
Transparent é esse tapa na cara, é uma série que me
fez bater palmas, que aborda a carne viva algumas distorções que vivemos no
mundo real, sem que nos déssemos conta. Afinal todo mundo tem problemas, todo
mundo tem uma vida conturbada, todos passam momentos tristes e de solidão na
vida, mas ao nos depararmos com as diferenças (e nesse caso a decisão de se
travestir do protagonista) achamos que a decisão do próximo é menos digna que
as nossas. Não sei como dizer isso da forma correta, mas o único ali que
realmente vive uma vida feliz é a Maura e isso dada a sua decisão.
A história central é simples, o patriarca da família
decidi ceder ao que sempre lhe deu prazer durante a vida e finalmente se revela
aos filhos como travesti. Você pode até achar que a série gira em torno disso,
mas as distorções dessa família não são realmente o que nos chama a atenção,
afinal carinho e afeição pela protagonista fica maior a cada episódio.
Criada por Jill Soloway a série tem os mesmo tom
questionador de sua outra obra prima (Six Feet Under) e talvez seja esse o
ponto alto dos episódios curtos de vinte minutos, além do humor sutil e o drama
afiadíssimo. Trata-se de uma série da Amazon que já acumulou suas primeiras 12
indicações ao Emmy logo na primeira temporada, sem falar das críticas
positivas e das belas atuações, principalmente de Jeffrey Tambor.
Espero ter sido curto e certeiro em minha opinião,
assim como a série foi em cada um de seus episódios. Não tem como perder tempo,
é rápido, é inteligente e é de boa qualidade. Se você também está em meio a sua
crise de seriador, venha com o Séries Em Foco e embarque em Transparent.