Saber
reutilizar velhas formas de narrativa e criar uma identidade própria.
Esse pode ser o grande trunfo de Looking.
Antes
de mais nada, é bom deixar claro que Looking é explicitamente
destinada ao público gay. Disso não há dúvidas. Porém, o que
todos devemos ter em mente é que ela não é feita apenas
para essa parte da população. Todos podem assistir a série numa
boa, desde que possuam uma mente aberta e não tenham o já
ultrapassado e extremamente ridículo preconceito contra
homossexuais.
Looking,
nova série do canal a cabo HBO, vem com uma proposta diferente,
sabendo se aproveitar de uma já consagrada estrutura e dando uma
nova roupagem a ela. As características técnicas do episódio não
se diferem muito de Sex and the City ou até mesmo Girls (ambas
também da HBO). O que a novata série pode, e deu bons sinais disso
em sua premiere, é conseguir criar o “novo” em cima do que está
“velho”.
Com
um estilo narrativo bem parecido com o de Girls, Looking explora o
universo gay, da forma mais crua e direta que já vi na TV até o
momento, e isso já é um ótimo ponto positivo pra série. Oras, se
decidiram contar uma história sobre determinado assunto, que ela
seja o mais realista possível, e nada completamente superficial como
nas novelas da Globo.
Apesar
da premissa corajosa, Looking não se apoia apenas nisso. Seus
personagens foram bem apresentados ao público, e dessa forma já
temos alguma ideia da personalidade de cada um. Quem mais me cativou
foi Patrick (Jonathan Groff), que tem um estilo mais fechado, tímido; características que sem dúvidas podem render bons momentos lá pra frente.
Agustín
(Frankie J. Alvarez) não me conquistou muito. Com uma personalidade
mais liberal, é claramente o que mais se arrisca dentre os três
amigos, e visivelmente o que carrega o tradicional estereótipo gay,
que tanto é unificado pela mídia. Já Dom (Murray Bartlett) é um
cara aparentemente hétero, onde ninguém o apontaria como
homossexual à primeira vista. É também, de longe, o mais
“problemático” dos três.
Com
três protagonistas de personalidades distintas e chamativas, Looking
consegue gerar uma certa conexão entre seus personagens e o público,
o que para um primeiro episódio é fundamental. Sem dúvidas vale a
pena dar uma chance a essa nova aposta da HBO, até por que não se
trata apenas de mostrar o universo gay, e sim de entreter com um bom
roteiro, boa direção, ótima trilha sonora...
Por
fim, vale ressaltar a bela atuação dos protagonistas da série.
Souberam segurar a cena em momentos em que o roteiro não estava tão
afiado (sim, o roteiro é falho, ainda que eu acredite em sua
evolução) e foram parte fundamental em nos entregar um bom episódio
de estreia. Mais uma vez repito: é uma série designada para o
público gay em um primeiro momento, claro, mas você pode se
divertir com essa boa produção televisiva mesmo sendo heterossexual.
Uma coisa não precisa depender da outra.
Basta
abrir a mente e adicionar mais uma boa série à sua watchlist.
PS.:
Não creio que a HBO aposte em um sucesso de público ou até mesmo
crítica com a série. O americano, em geral, é bem conservador, e
os velhinhos da Academia não irão premiar uma série como Looking,
caso ela faça por merecer chegar lá.
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Assista a promo da série:
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